Os contos de fadas ocupam
lugar de destaque na literatura infantil ocidental. Através de suas histórias,
somos transportados para lugares mágicos e secretos.
No entanto, se entramos em
um universo de príncipes e princesas, também nos deparamos com dragões,
monstros e bruxas. Trata-se de um mundo encantado, cheio de beleza, mas ao
mesmo tempo, bastante cruel e amedrontador.
Por que continuamos, então,
a ler essas histórias para as crianças? Não deveríamos proteger nossos pequenos
das agruras do mundo?
Ora, o medo faz parte da
condição humana. Ele está na origem da fantasia e de nossa capacidade de
imaginar, e nisso reside, também, o grande fascínio que ele exerce sobre as
crianças. Para elas, não interessa um mundo sem conflitos. De forma simbólica,
os contos mostram às crianças que a vida é severa e que é preciso enfrentar
desafios na passagem para a vida adulta.
Os contos de fadas, com seus
monstros e perigos, tranquilizam de certa forma os pequenos com relação aos
seus próprios temores. A partir da entrada em um mundo de imaginação e
fantasia, crianças encontram um lugar em que, apesar de tudo, o medo pode ser
dominado e banido. Isso explica porque elas sempre pedem para que os adultos
repitam as histórias.
Para muitos estudiosos, a
estrutura narrativa dos contos tem papel importante na formação humana, pois
aborda assuntos diretamente ligados às grandes questões de nossa existência,
como a coragem, a justiça, a vida, a velhice e a morte, a luta entre o bem e o
mal. Na medida em que percebemos que nossos medos são compartilhados com outras
pessoas, nos identificamos com a sociedade e a cultura da qual fazemos parte.
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