Páginas

terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

CONCURSO alusivo ao «DIA de S. Valentim»


14 de Fevereiro

Carta de Amor

Ofelinha:

        Para me mostrar o seu desprezo, ou pelo menos, a sua indiferença real, não era preciso o disfarce transparente de um discurso tão comprido, nem da série de “razões” tão pouco sinceras como convincentes que me escreveu. Bastava dizer-mo. Assim, entendo da mesma maneira, mas dói-me mais.

         Se prefere a mim o rapaz que namora, e de quem naturalmente gosta muito, como lhe posso eu levar isso a mal? A Ofelinha pode preferir quem quiser: não tem obrigação – creio eu – de amar-me, nem realmente necessidade (a não ser que queira divertir-se) de fingir que me ama.

         Quem ama verdadeiramente não escreve cartas que parecem requerimentos de advogado. O amor não estuda tanto as coisas, nem trata os outros como réus que é preciso “entalar”.

         Por que não é franca para comigo? Que empenho tem em fazer sofre quem não lhe fez mal – nem a si, nem a ninguém - , a quem tem por peso e dor bastante a própria vida isolada e triste, e não precisa de que lha venham acrescentar criando-lhe esperanças falsas, mostrando-lhe afeições fingidas, e isto sem que se perceba com que interesse, mesmo de divertimento, ou com que proveito, mesmo de troça.

         Reconheço que tudo isto é cómico, e que a parte mais cómica disto tudo sou eu.

         Eu próprio acharia graça, se não a amasse tanto, e se tivesse tempo para pensar em outra coisa que não fosse no sofrimento que tem prazer em causar-me sem que eu, a não ser por amá-la, o tenha merecido, e creio bem que amá-la não é razão bastante para o merecer. Enfim...

         Aí fica o “documento escrito” que me pede. Reconhece a minha assinatura o tabelião Eugénio Silva.

1/3/1920

Fernando Pessoa

in Correspondência, 1905-1922, , Assírio & Alvim, Lisboa, 1998

Após a leitura da carta, escreve uma a alguém que ames: pais, irmãos, avós, amigos, namorado(a) … Pouco importa o destinatário. O que interessa é que sejas capaz de quebrar as rotinas e de dizer, de uma vez por todas, “amo-te”.

(Consulta o Regulamento)

Regulamento

1 – O Concurso de Epístolas é uma iniciativa da Biblioteca Escolar e tem como objetivo promover o gosto pela expressão escrita.
2- São admitidas a concurso cartas, em prosa em língua portuguesa e originais. (podem ser ilustradas ou não)
3 - Os concorrentes podem entregar no máximo duas cartas manuscritas, até ao dia 14 de fevereiro.
4 – Os trabalhos originais devem ser assinalados sob pseudónimo e inseridos num envelope fechado com indicação do Remetente (nome, ano, turma e número) e do respetivo Destinatário.
5 – As cartas devem ser colocadas no Marco de Correio, que se encontra na Biblioteca Escolar.
6 – O júri é constituído por três elementos, que atribuirá prémios às três primeiras classificadas.
7 – Os prémios a atribuir serão divulgados brevemente e os premiados recebê-los-ão numa pequena cerimónia, que decorrerá na Biblioteca, em data a anunciar.
8 – A Biblioteca ficará detentora de todos os trabalhos concorrentes, reservando para si os direitos de divulgação, exposição ou publicação dos mesmos.
9 – Os trabalhos que não respeitem o Regulamento serão excluídos do Concurso.
10 – Os concorrentes deverão pedir o papel onde irão escrever a carta no balcão de atendimento, da Biblioteca Escolar.

Biblioteca da Escola Secundária Pinheiro e Rosa

Sem comentários:

Enviar um comentário

Comentário: